" Realinhando as órbitas dos planetas, ou talvez tentando realinhar as órbitas de meus pensamentos... "

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Coisas da Vida



O que acontece com a maioria dos relacionamentos de hoje não é que acaba o amor, acaba a dedicação, o empenho para fazer dar certo. Quando se trata de relacionamentos, as coisas não acontecem naturalmente, exige que façamos acontecer, que pensemos no relacionamento, e em formas de mantê-lo firme, vivo. É a famosa história do regador e da plantinha, sabe? Mas ao invés disso, dizem que o amor acabou. Mas quando a gente ama algum objeto ou algo de verdade, e quando esse algo estraga, a primeira reação é tentar consertar/arrumar e só depois, se não tiver jeito mesmo, substituímos. Do contrário não existiriam empresas de manutenção técnica, e só existiriam empresas vendedoras de produtos novos.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Uma vida em um segundo



Sorte que a gente tem a vida inteira.
Vida.
Inteira.
Parece muito. Parece bom. Parece ótimo.
Parece infinito. Parece inacabável. Parece imortalidade.
Pensar assim faz bem.
Faz bem para a alma, traz felicidade e menos preocupação.
Mas algo que penso eu com meus botões é: Quanto tempo tem uma vida?
Não tem tempo.
É assim. Não tem um padrão. Dizem que a vida tem em média 70 anos.
Mas e aqueles que a perdem uma década depois de a ter ganhado?
Se houvesse um tempo preciso, seria injusto para alguns e justo para outros.
Aos 70 todos morrem. Sem passar nem antecipar. Aqueles que poderiam viver até os 100 não iriam gostar, e os que nem aos 30 conseguiram chegar, aprovariam a ideia. E talvez assim, seria até mais justo. Ou não. 
A imprevisibilidade da vida talvez seja o melhor dela. Isto de não saber se amanhã estaremos aqui, faz com que vivamos (ou deveríamos viver) todo momento como se fosse a estação final, o game over, o the end. Faz com que briguemos com alguém, e no minuto seguinte já desejamos perdoá-lo ou pedir perdão. Talvez por isso Deus não quis deixar um tempo certo para a vida. Porque aí tudo seria muito bem planejado, não correríamos risco. Não saberíamos o gosto da vitória, nem medir a força que temos. E é por isso que temos sorte porque temos a vida inteira pela frente. Mesmo que os próximos instantes durem um momento, ou um piscar de olhos. Sorte que temos vida. Que temos oportunidade todo dia de experimentar coisas novas. Coisas. Momentos. Experiências que só sabe quem se vive. Quem se vive. Não quem existe. Existir qualquer objeto existe. Mas viver, deixar e levar marcas da vida. Ah! É disso que estou falando. Ter no corpo várias cicatrizes. Cicatrizes que contam histórias por si só.
Vida. Inteira. Não parece mais ser perpétua. Deve ser intensa de tal forma que se torne eterna, imortal aonde quer que vamos depois que ela se acaba. 

Não há bem material algum que se compare ao sabor que tem emoções, momentos, sensações e sentimentos que experimentamos todo dia, todo instante, todo momento nesta vida em um segundo.

Pense nisto!

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

E assim, chegar e partir!



                      
           "Mas lembrar-se com saudade é como se despedir de novo.         
                                          (Clarice Lispector)





E é assim. Quando algo já não nos serve, descartamos ou somos descartados. Porém antes, nos despedimos.
Despedir é algo que aprendemos quando criança, despedir de nossos avós que vieram passar as férias conosco, mas que já irão voltar para casa. Do primeiro cachorrinho que tivemos, mas morreu de velhice ou doença. De algum parente que já se foi. De nosso emprego e dos amigos que fizemos nele. De algum amigo que foi embora ao passar no vestibular em uma cidade do outro lado do país. Do ano que passou. Despedir do namorado que já não nos quer mais em sua vida. Despedir da raiva e da mágoa quando cumprimentamos o perdão. Despedir daquele amor que foi bom, mas atualmente só nos faz mal.  E a cada despedida sofre-se o processo de adaptação à ausência do que já não está mais presente entre nós. E com um tempo despedimos de nós mesmos, daquele que éramos quando possuíamos o que perdemos, e talvez essa seja a despedida mais doída. Despedirmos da criança que somos, para tornarmos adultos, e na velhice, teremos de despedir deste adulto que fomos. E será assim, até a morte fazer com que de nós, os outros se despeçam.