" Realinhando as órbitas dos planetas, ou talvez tentando realinhar as órbitas de meus pensamentos... "

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

E assim, chegar e partir!



                      
           "Mas lembrar-se com saudade é como se despedir de novo.         
                                          (Clarice Lispector)





E é assim. Quando algo já não nos serve, descartamos ou somos descartados. Porém antes, nos despedimos.
Despedir é algo que aprendemos quando criança, despedir de nossos avós que vieram passar as férias conosco, mas que já irão voltar para casa. Do primeiro cachorrinho que tivemos, mas morreu de velhice ou doença. De algum parente que já se foi. De nosso emprego e dos amigos que fizemos nele. De algum amigo que foi embora ao passar no vestibular em uma cidade do outro lado do país. Do ano que passou. Despedir do namorado que já não nos quer mais em sua vida. Despedir da raiva e da mágoa quando cumprimentamos o perdão. Despedir daquele amor que foi bom, mas atualmente só nos faz mal.  E a cada despedida sofre-se o processo de adaptação à ausência do que já não está mais presente entre nós. E com um tempo despedimos de nós mesmos, daquele que éramos quando possuíamos o que perdemos, e talvez essa seja a despedida mais doída. Despedirmos da criança que somos, para tornarmos adultos, e na velhice, teremos de despedir deste adulto que fomos. E será assim, até a morte fazer com que de nós, os outros se despeçam.