Sorte que a gente tem a vida inteira.
Vida.
Inteira.
Parece muito. Parece bom. Parece ótimo.
Parece infinito. Parece inacabável. Parece imortalidade.
Pensar assim faz bem.
Faz bem para a alma, traz felicidade e menos preocupação.
Mas algo que penso eu com meus botões é: Quanto tempo tem uma vida?
Não tem tempo.
É assim. Não tem um padrão. Dizem que a vida tem em média 70 anos.
Mas e aqueles que a perdem uma década depois de a ter ganhado?
Se houvesse um tempo preciso, seria injusto para alguns e justo para outros.
Aos 70 todos morrem. Sem passar nem antecipar. Aqueles que poderiam viver até os 100 não iriam gostar, e os que nem aos 30 conseguiram chegar, aprovariam a ideia. E talvez assim, seria até mais justo. Ou não.
A imprevisibilidade da vida talvez seja o melhor dela. Isto de não saber se amanhã estaremos aqui, faz com que vivamos (ou deveríamos viver) todo momento como se fosse a estação final, o game over, o the end. Faz com que briguemos com alguém, e no minuto seguinte já desejamos perdoá-lo ou pedir perdão. Talvez por isso Deus não quis deixar um tempo certo para a vida. Porque aí tudo seria muito bem planejado, não correríamos risco. Não saberíamos o gosto da vitória, nem medir a força que temos. E é por isso que temos sorte porque temos a vida inteira pela frente. Mesmo que os próximos instantes durem um momento, ou um piscar de olhos. Sorte que temos vida. Que temos oportunidade todo dia de experimentar coisas novas. Coisas. Momentos. Experiências que só sabe quem se vive. Quem se vive. Não quem existe. Existir qualquer objeto existe. Mas viver, deixar e levar marcas da vida. Ah! É disso que estou falando. Ter no corpo várias cicatrizes. Cicatrizes que contam histórias por si só.
Vida. Inteira. Não parece mais ser perpétua. Deve ser intensa de tal forma que se torne eterna, imortal aonde quer que vamos depois que ela se acaba.
Não há bem material algum que se compare ao sabor que tem emoções, momentos, sensações e sentimentos que experimentamos todo dia, todo instante, todo momento nesta vida em um segundo.
Pense nisto!