" Na vida, não existe tempo suficiente para nada, pois cada dia, surge algo novo que ocupa alguns minutos ou horas de suas 24, que ocupa 1 dos seus 12 meses.. que ocupam alguns anos dos poucos que você tem! "
E a discussão dava para se escutar de longe...
Kevin: Eu não quero saber Beatriz, você me vem com essa sua ladainha de sempre, dizendo que não é bem assim, que estou imaginando coisas, SERÁ QUE SEMPRE ESTOU IMAGINANDO COISAS?
Beatriz: NÃO AUMENTA O TOM DE VOZ PARA FALAR COMIGO KEVIN! - disse, e sua expressão de tristeza se tornou de raiva - EU JÁ DISSE A VOCÊ QUE EU ODEIO BRIGAR, E POR QUE VOCÊ SEMPRE ME VEM COM UMA COISA NOVA?
Kevin: Ah! Então você quer dizer que eu invento tudo isto ? Por que não diz logo que está afim de passar o natal com sua família e não comigo?
Beatriz: Porque eu não ia dizer isso e você ja me interrompeu dizendo que já sabia o que era!
Kevin: E não acertei?
Beatriz: Ah, cala a boca, vai! TCHAU KEVIN, VOU PRA CASA!
Ela se virou e uma lágrima caiu, e saiu andando sem olhar para trás.
A chuva caía bem de leve e Kevin continuou, ali, parado, pensando se realmente ele deveria ter esperado ela dizer o que ela iria dizer antes de tomar qualquer atitude e já ir se enfurecendo com ela. Pensou em ir atrás dela, mas o orgulho o impediu, o seu Ego, a superioridade machista que nele havia não deixou ao menos ele ligar para ela. Ele sabia que se sentiria muito melhor se ela viesse atrás pedindo desculpas e procurando uma reconciliação como sempre fazia quando brigavam. Nunca passavam mais de um dia brigados, porque sempre ela tentava se reconciliar antes de dormir, e fazia isso todos os dias que eles se desentendiam.
E mais uma vez ele a esperaria, talvez ela ligasse ou talvez iria até a casa dele. Então ele achou melhor ir para casa e aguardar Beatriz dar algum sinal de que queria que as coisas voltassem ao normal.
Ao chegar em casa, entrou, fechou-se em seu quarto, e ficou ao lado do telefone, esperando ansiosamente para que ela ligasse, afinal, a briga não tinha sido por um motivo tão sério assim! Ele esperou... esperou... esperou e foi vencido pelo sono e o cansaço de esperar.
No outro dia acordou assustado, pois não havia nem uma chamada perdida, e Beatriz não aparecera em seu apartamento, o que significava que dessa vez ele se surpreendeu porque ela não fez o que costumava fazer. Pensou o que podia estar acontecendo. Ultimamente estavam brigando demais, e ela estava o evitando, nos últimos meses, ela não se encontrava em casa na parte da tarde porque alegara que tinha se matriculado em um curso de pintura.
Então ele resolveu ligar para ela...
NÃO HOUVE RESPOSTA!
Foi até a casa dela, bateu e ninguém atendeu. A vizinha disse que não a viu chegar em casa ontem. Nessa hora Kevin entrou em desespero... O que pode ter acontecido? Será que ela está bem?
Vizinha: Acho que o tratamento dela deve ter reiniciado ontem, porque ela nunca dorme fora de casa. Por que não vai até o hospital?
Kevin: O quê? Tratamento?
Vizinha: Beatriz descobriu que tinha um tumor no coração há 11 meses atrás, e de lá para cá, todas as tardes ela ia ao hospital para receber o tratamento, mas os médicos disseram que ele aumentou de tamanho muito rápido, e nada mais pode ser feito, então ela parou de fazer o tratamento e só ia ao hospital para tomar vitaminas, porque o médico disse que talvez se ela ficasse um pouquinho mais forte, poderia voltar a fazer o tratamento...
Kevin: Ela não me contou isso, por que? - Seu semblante se mostrou preocupado, entristecido, 1000 expressões em um segundo, ele não sabia o que pensar, o que fazer - Você sabe o hospital que ela ia?
Vizinha: Não sei, mas talvez tenha alguma coisa na casa dela, eu tenho uma cópia da chave.
Kevin pegou a chave e na hora que entrou viu Beatriz esticada no chão, correu para ver se ainda havia pulso, sim, ainda havia. Chamou uma ambulância para levá-la ao hospital, mas não acompanhou ela, pois quando entrou na casa de Beatriz, notou que em uma de suas mãos havia uma caneta, e ao lado dela, o telefone e um papel com algumas letras rabiscadas, que transmitiam desespero, algum borrões no papel, dizendo:
Meu amor, neste momento você já deve saber de tudo, tentei te contar ontem, mas você não deixou e acho que era outra coisa. Todo esse tempo quis te poupar da minha dor, tentei protegê-lo para que não sofresse, nunca deixei que fossemos dormir sem resolver nossas desavenças, é porque eu aprendi a viver como se fosse morrer no outro dia, a minha vida se tornou incerta, queria demonstrar o quanto te amava, pois eu podia dormir e acordar, ou fechar meus olhos para sempre.
Te amo e até um dia.
Beatriz
Ao terminar de ler isso, o telefone tocou, era do hospital dizendo que Beatriz não aguentou chegar ao hospital e morreu a caminho.
Já desesperado e cheio de lágrimas, ele correu, correu dali como nunca havia corrido antes, foi para sua casa, e naquela noite, nublada e chuvosa antes de ouvir o disparo do revólver, começou a escrever entre lágrimas e soluços..
Eu vivia como se nunca fosse morrer, e agia assim com as pessoas, com você, com todos, achava que havia tempo demais para reconciliações e para pedir perdão, no entanto, não foi o suficiente, pois sei que todas as noites de reconciliação você ficava triste, poque eu não te dava o devido valor e nunca ouviu de minha boca um pedido de perdão.
Se você viveu como se fosse morrer no outro dia, hoje eu morro para viver com você PARA SEMPRE
Espero que um dia possa me perdoar. Te amo.
Kevin.
No outro dia, encontraram Kevin morto, e na parede um rabiscado que dizia:
VIVA COMO SE FOSSE MORRER UM NO OUTRO DIA!
Fica a dica, Passar bem! ;)
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